quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

incognoscível

sem forma física
para me saber
saiba pelo anímico
incompleto, mas não vazio
inconcreto, mas não abstrato
decerto sou o que é a poesia
e cada um de mim
são diversos eus dispersos
à espera do próximo verso
de um poema incognoscível

domingo, 22 de fevereiro de 2009

pós-túmulo

perto do fim
deserto aprumo
certo de que o rumo
é incerto
verto acúmulo de prantos
destro procuro um canto

perto do fim
inquieto assumo, de tanta
deserta, a vida não teve encanto
parto e já póstumo e não santo
quedo no meu túmulo
decerto o meu sacro canto

circunspecto sossego de vez
o céu não é o meu rumo
o inferno não é seguro
inquieto os vermes pululam famintos
desperto, o diabo confabula ensimesmado
à espera do morto

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

meu canto é humano

sou banto, portanto
cabe no meu canto
tantos brancos quantos
outras cores tantas
todos humanos, conquanto
não santos, pecantes nem tanto
pessoas tentando
desfazer das cores tantas
para tanto não ser banzo
humano em estado de encanto
de alma ao divino encontro
de um canto
tanto de brancos
como de bantos
seres humanos

domingo, 15 de fevereiro de 2009

amanhecendo

negro meu céu
azul céu o seu
de tanto ser meu
enegreceu
de tanto ser seu
meu negro céu
amanheceu seu

sábado, 14 de fevereiro de 2009

negropoeta

sou negro
por fora
fora isso
sou poeta
por dentro
dentro de mim
poetizo o meu existir
existo por ser
sou poeta